A arquitetura acompanha o ser humano desde o dia em que ele abandonou a vida nômade para se dedicar a agricultura e, assim, estabelecer um local definitivo para viver.
Ao longo dos séculos, no entanto, o conceito de arquitetura mudou bastante, deixando de ser algo que apenas servia a subsistência e segurança humana para adentrar em um território, digamos, mais artístico e estético.
O que é arquitetura?
Ninguém sabe ao certo exatamente onde e quando a arquitetura começou. O que se sabe é que as primeiras habitações construídas com tijolos datam de 7000 a.C na região que hoje corresponde a Ásia Central e o Oriente Médio.
O tijolo, inclusive, é até hoje um dos principais materiais utilizados para a construção, alternando seu uso com outros elementos como a madeira, o aço e o vidro, por exemplo.
A palavra arquitetura deriva do grego “arché” – primeiro ou principal – e “tékton” – construção. Ou seja, trocando em miúdos, o significado de arquitetura seria algo como construção principal.
No entanto, uma definição mais completa diria que a arquitetura é a relação que se estabelece entre o homem e o ambiente em que ele vive, ou ainda, o modo como ele interfere no meio em que habita.
Essa interferência, dentro do conceito de arquitetura, é vista como algo estético e funcional. Não existe arquitetura sem funcionalidade, como não existe arquitetura sem um padrão estilístico. São dois conceitos intimamente relacionados, onde um complementa o outro e, juntos, trabalham pelo mesmo propósito: oferecer moradias e espaços confortáveis, funcionais, que proporcionem qualidade de vida e sejam ainda esteticamente agradáveis e surpreendentes.
E urbanismo?
O termo urbanismo vem sempre acompanhado da arquitetura, inclusive os cursos de graduação atendem pelo nome de Arquitetura e Urbanismo. Mas se a arquitetura é a arte de planejar e projetar construções públicas e privadas, o que sobra para o urbanismo?
Urbanismo pode ser definido como uma técnica de organização e racionalização das aglomerações urbanas. Em outras palavras, o urbanismo pode ser considerado um modo de planejamento das cidades, de forma que casas, edifícios e espaços públicos dialoguem em harmonia.
Assim, a grande missão do urbanismo é criar cidades mais prazerosas de se viver, baseadas em planejamento, ordenação e organização.
E, sim, o urbanismo tem tudo a ver com a arquitetura, já que ele compreende a organização dos projetos criados por ela.
Curso de arquitetura e urbanismo
A profissão de arquitetura e urbanismo no Brasil é regulamentada desde 1966, mas para exercê-la é obrigatório possuir diploma no curso de arquitetura e urbanismo em instituição reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC).
Ou seja, não tem jeito. Quem deseja exercer a profissão de arquiteto precisa, necessariamente, cursar a faculdade de “Arquitetura e Urbanismo”. São ao todo cinco anos – ou dez semestres – de dedicação e amor a nova profissão. Isso mesmo, o curso é exigente.
A grade curricular é composta de disciplinas práticas e teóricas que exigem comprometimento e paixão do estudante para dar conta de tudo o que o curso tem a oferecer.
Mas não se assuste, se esse é realmente o curso que você ama e acredita, tenha certeza, ele será mais prazeroso do que pode imaginar.
Mesmo sem saber desenhar? Mesmo sem saber desenhar! Isso porque o curso treina e habilita os estudantes para técnicas de desenho em arquitetura, além do mais, os arquitetos de hoje em dia usam diversos tipos de programas de computador para criar e projetar suas obras, o que também é aprendido durante a faculdade. Portanto, sem crise!
Além de aprender técnicas de desenho e manipular com maestria softwares gráficos, o aluno de arquitetura também tem aulas de arquitetura integrada, arquitetura interdisciplinar, planejamento urbano e topografia. Aprende sobre conforto ambiental, incluindo questões de acústica, ventilação e iluminação.
O curso também possui diversas disciplinas voltadas ao campo da arte e da história, como estética, história da arte, história da arquitetura, e projeto arquitetônico. Tudo isso para garantir que o aluno crie uma excelente base artística e cultural que será empregada indiretamente em seus trabalhos futuros.
E se nos dias atuais a palavra de ordem é sustentabilidade, o curso de arquitetura não poderia ficar de fora. O aluno estuda técnicas e projetos para uma arquitetura sustentável, além de disciplinas como estudos ambientais e saneamento urbano.
Outra parte muito importante do curso de arquitetura e urbanismo é a estrutural. Para criar obras resistentes e duradouras, o aluno conta com disciplinas como fundações, instalações prediais (elétrica e hidráulica), tipos de materiais, mecânica dos solos e tecnologia das construções.
Como deu para notar, o curso de arquitetura e urbanismo é um mix entre disciplinas exatas e humanas, capazes de tornar o futuro arquiteto um profissional que passeia pelo sensível campo das artes e pela precisão numérica e racional da engenharia.
Onde estudar arquitetura e urbanismo
No Brasil existem cerca de 400 universidades, faculdades e centros universitários que oferecem o curso de Arquitetura e Urbanismo. A maior parte é particular, mas existem excelentes opções de cursos públicos também.
Inclusive duas faculdades públicas brasileiras, Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que oferecem o curso de arquitetura e urbanismo, estão na lista das 200 melhores faculdades de arquitetura do mundo, alcançando a posição 28º e 80º respectivamente.
Já entre as faculdades brasileiras, a USP lidera o pódio, de acordo com o Ranking Universitário da Folha (RUF), realizado anualmente pelo jornal Folha de São Paulo. As posições seguintes são todas ocupadas por universidades públicas, como é o caso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em segundo lugar. Já a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRG) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro ficam em terceiro e quarto lugar, respectivamente.
Entre as faculdades particulares, a primeira a despontar no ranking é a Mackenzie, ocupando o sétimo lugar. A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul ocupa a 13º posição.
Contudo, caso opte por uma universidade particular, prepare o bolso. O custo médio da mensalidade de arquitetura e urbanismo custa atualmente algo em torno de R$ 2000 a R$ 3500.
O que um arquiteto urbanista faz?
O arquiteto é o profissional formado pelo curso de Arquitetura e Urbanismo. Cabe a ele planejar, projetar e executar obras públicas e privadas. De acordo com a resolução nº 51 do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, o arquiteto possui seis funções de competência exclusiva, são elas:
- Arquitetura e urbanismo;
- Arquitetura de interiores;
- Arquitetura paisagística;
- Patrimônio histórico, cultural e artístico;
- Planejamento urbano e regional;
- Conforto ambiental.
Dentre essas competências, o arquiteto pode ainda desenvolver algumas atribuições especificas como projetar e construir residências, reformas em geral, projetos urbanísticos sobre uso do solo, elaboração de projetos para atender cidades, gestão de materiais e equipes, criação de projetos de interiores e projetos paisagísticos.
Outra área muito interessante para o arquiteto atuar diz respeito a conservação de patrimônios históricos. O arquiteto pode dirigir, supervisionar, idealizar e fiscalizar obras de restauro que visem a conservação e proteção de patrimônios históricos, artísticos e culturais.
Confira abaixo mais algumas atividades que podem ser exploradas pelo arquiteto urbanista:
1. Edificação e construção
Projetar, executar e coordenar obras, determinando quais os materiais que serão utilizados e gerenciando prazos, custos e equipe de trabalho.
2. Arquitetura de interiores
Projeto e planejamento de reformas residenciais, comerciais e empresariais. O arquiteto fica responsável por definir os materiais de acabamento, como pisos e revestimentos, escolher a mobília e a disposição de todos esses elementos no ambiente.
3. Urbanismo
O arquiteto também pode atuar realizando o planejamento urbano de cidades por meio do plano diretor.
4. Restauração e conservação
Outro nicho de atuação do arquiteto é no restauro e conservação de prédios, casas e outras construções antigas que precisam ser revitalizadas de acordo com o projeto original, contribuindo para a manutenção do valor histórico das obras.
5. Paisagismo e ambiente
Criação e execução de ambientes externos, como praças, jardins e terraços.
6. Iluminação
Criar projetos de iluminação em ambientes internos e externos.
7. Comunicação visual
O arquiteto também pode trabalhar pela elaboração de fachadas residenciais e comerciais, garantindo a marca de uma empresa, instituição ou negócio.
Mercado de trabalho para o arquiteto
O arquiteto possui um amplo campo de atuação no mercado de trabalho, podendo atuar na área pública, em escritórios e estúdios de arquitetura ou, ainda, de modo autônomo, com um escritório próprio. Confira na lista o detalhamento desses principais locais de trabalho para um arquiteto:
Serviço Público
A carreira pública pode ser muito promissora para os profissionais que desejam um cargo estável e seguro. Há duas formas de entrar para o serviço público como arquiteto, a primeira delas é através de um concurso público, já a segunda possibilidade é garimpando um cargo de confiança junto dos órgãos públicos municipais, estaduais ou federal. Dentro das atribuições de um arquiteto na área pública estão:
- Acompanhamento e fiscalização de obras de munícipes;
- Realizar estudos de acessibilidade e planejamento urbano;
- Estudos e pesquisas sobre o impacto ambiental das construções urbanas no município;
- Prestar assessoria a gestores da área;
Setor Privado
Já o arquiteto que deseja trabalhar para escritórios, construtoras ou incorporadoras, também encontra um mercado favorável, já que o ramo da construção civil está aquecido. Confira quais os principais campos de atuação para um arquiteto do setor privado:
- Criação e execução de projetos, caso trabalhe para um escritório;
- Projeto e análise de obras em construtoras;
- Consultor de empresas de diferentes nichos de atuação;
Arquiteto autônomo
Como profissional liberal, autônomo, o arquiteto pode se aventurar por caminhos mais livres e criativos, deixando transparecer sua marca pessoal em cada obra projetada. Outra vantagem do trabalho autônomo e autoral é a liberdade de elaborar projetos para os mais diferentes tipos de clientes. Veja abaixo como um arquiteto autônomo pode demonstrar seu trabalho e talento:
- Escritório próprio ou em parceria com outros profissionais;
- Elaborar projetos para clientes variados, indo desde os residenciais até os comerciais, empresarias e institucionais;
- Trabalhar com projetos de cunho sustentável e ecológico;
- Ministrar aulas;
- Focar o trabalho em projetos de interiores, especialmente decoração;
- Prestar consultorias para empresas e órgãos públicos;
Quanto ganha um arquiteto?
A pergunta que não quer calar é “afinal, quanto ganha um arquiteto?”. E a resposta, bem, ela varia bastante. Isso porque tudo depende das escolhas profissionais que você fizer – setor público, privado ou autônomo – e da região do país onde você realiza o trabalho.
A Lei nº4.950-A/66, de 1966, determina que o piso salarial de um arquiteto deve estar vinculado ao valor vigente do salario mínimo nacional. Nesse caso, um arquiteto com jornada de seis horas diárias tem um piso salarial mínimo de seis salários mínimos, ou R$ 5724. Para uma jornada de 7 horas diárias, o piso salarial é de sete salários mínimos, o equivalente a R$ 6916, já para uma jornada de oito horas por dia, a mais comum, o arquiteto deve receber, de acordo com o piso, oito salários mínimos e meio, o que corresponde a R$ 8109.
Mas na prática não é bem isso que acontece. O site Love Mondays, plataforma digital que reúne dados de empresas e salários de todo o país, indica que a remuneração média de um arquiteto atualmente no Brasil é de R$ 5479. Já o valor mínimo registrado foi de R$ 840, enquanto o maior salário praticado bate a casa dos R$ 22 mil.
Esses valores dizem respeito a um profissional do setor público ou privado. Um arquiteto autônomo apresenta uma renda bem mais diversificada, que depende especialmente do tempo de dedicação diária ao trabalho. Outra variante importante é o tipo de cliente. Dados do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) revelam que arquitetos que trabalham para pessoas físicas recebem um salario menor do que aqueles que trabalham de modo autônomo para outras empresas. De modo geral, esses valores ficam ente R$ 6 e R$ 20 mil mensais.