Pensar na Grécia é ver surgir na mente a figura dos grandes templos e colunas gregas, como o Parthenon, de Atenas. Esses símbolos emblemáticos e icônicos são a prova de como a arquitetura grega é marcante na história e na construção da civilização ocidental.
Mitologia, arte e politica se unem para formar a arquitetura grega que sobreviveu ao tempo e chegou até os nossos dias. Esses três pilares da antiga sociedade grega são facilmente reconhecidos e compreendidos nas obras arquitetônicas. Conhecida também como arquitetura clássica, o estilo grego prioriza as obras públicas e ao ar livre.
A própria palavra “arquitetura” deriva do grego e significa “arché” – primeiro ou principal – e “tékton” – construção, ou seja, algo parecido como primeira construção ou construção principal.
Curioso para saber mais a respeito dessa arquitetura que ainda hoje respinga em arquitetos e engenheiros por todo o mundo? Pois então vem acompanhar esse post com a gente. Vamos te contar tudo sobre a arquitetura grega, confira:
História da arquitetura grega
A história da arquitetura grega tem origem no século VIII a.C e se estende até o primeiro século d.C. Esse tipo particular de arquitetura faz referência aos povos de língua grega que viviam na região da Grécia, Peloponeso, nas ilhas do Mar Egeu, nas colônias gregas em Ionia (costa da Ásia Menor) e na Magna Grécia (colônias gregas na Itália e na Sicília).
A arquitetura desse povo está diretamente relacionada com a mitologia grega, não é a toa que as maiores obras desse período são os templos erguidos em razão dos deuses. Inclusive, eram nos templos onde a vida social dos gregos acontecia. Lá eles realizavam eventos civis, religiosos e esportivos.
Mas não foi só de templos que a arquitetura grega foi formada, havia ainda os teatros, as praças e estádios, locais onde os cidadãos gregos exerciam a recém-formada ideia de democracia.
O mármore era o principal material das construções gregas, utilizado em praticamente todas as obras. Além dele, a arquitetura grega ainda fazia uso de pedras, madeira e tijolos, usando um sistema de encaixe muito semelhante ao utilizado pelos egípcios e menos sofisticada do que a desenvolvida pelos romanos.
Características da arquitetura grega
Os gregos eram extremamente racionais e suas construções eram matematicamente perfeitas. Os arquitetos gregos se baseavam, sobretudo, em cálculos, regras, proporções e perspectiva para que as obras expressassem grandeza e uma harmonia perfeita.
O local onde os templos eram construídos também era algo importante na arquitetura grega e, nesse caso, é possível observar que grande parte dos templos foram erguidos em locais altos de modo que os efeitos da luz pudessem realçar e valorizar ainda mais a arquitetura, além do que, dessa forma os templos podiam ser vistos de diferentes ângulos, como é o caso do Templo de Poseidon, localizado de frente ao Mar Egeu.
Confira abaixo as outras características da arquitetura grega:
- Obras com finalidade de uso público (teatros, templos e estádios);
- Perspectiva, simetria e proporção rigorosas;
- Equilíbrio e exatidão nas formas;
- Valorização do belo e da estética perfeita;
- Obras monumentais;
- Presença marcante de colunas e pórticos em toda obra de origem grega;
Contudo, nem todas as construções gregas eram exatamente iguais e seguiam o mesmo conceito. Isso porque existiam três correntes distintas dentro da arquitetura grega, diferenciando-se especialmente na ornamentação das colunas. São elas: ordem Dórica, ordem Jônica e ordem Coríntia. Veja abaixo como cada uma delas se apresentava.
Dórico
O estilo dórico se desenvolveu na Grécia Continental e se espalhou pela Itália. Esse é o estilo mais simples de todos e possui poucos detalhes de ornamentação, transmitindo uma sensação maior de firmeza. As colunas dóricas são caneladas e não apresentam base.
O maior representante da ordem dórica é o Parthenon, considerada a mais importante obra monumental da Grécia antiga. O templo clássico foi construído entre 447 a.C a 438 a.C na cidade de Atenas em homenagem a deusa de nome similar, Atena.
Jônico
Já no estilo jônico predominam o acabamento minucioso e detalhado no topo e ao longo da coluna. Os desenhos do estilo jônico transmitem leveza para as obras. Outra característica importante desse estilo são as bases circulares.
A ordem jônica dividiu espaço com a ordem dórica e se desenvolveu nas cidades gregas em Ionia, na Ásia Menor e nas ilhas do Mar Egeu.
Coríntio
O estilo Coríntio é muito semelhante ao jônico com o diferencial de ser ainda mais exuberante nos detalhes e na ornamentação, sendo decorado principalmente com folhas. Contudo, a ordem coríntia não foi muito explorada pelos gregos, justamente pelo excesso de detalhes.
Foram os romanos que se apropriaram desse estilo mais tarde durante a ascensão do Império Romano. A principio, o estilo coríntio era usado na parte interna das construções, como no Templo de Apolo Epicuro, em Bassae. Muito tempo depois as características do estilo coríntio passaram a ser observadas em ornamentos externos, em locais como o Choragico de Lisicratos e o Templo de Zeus Olympia, ambos em Atenas.
Obras e construções da arquitetura grega
Templos
A arquitetura grega é famosa no mundo inteiro graças a seus templos majestosos. O mais representativo deles é o Parthenon, construído em Atenas em homenagem a deusa da cidade, Atena. Ainda hoje é possível visitar o templo e contemplar a beleza e a ousadia dos antigos arquitetos gregos.
O Templo de Zeus, em Olímpia, concluído no ano de 460 a.C e o Templo de Ártemis, em Éfeso , concluído em 430 a.C e considerado uma das maravilhas do mundo antigo, são outros dois exemplos de obras monumentais construídas pelos gregos. Vale ainda citar o Templo de Poseidon, construído entre 444 e 440 a.C nas falésias de frente ao Mar Egeu.
A maioria dos templos contava também com esculturas que traziam as histórias da mitologia grega ou fatos históricos importantes da cidade onde foram construídos. Todas as esculturas eram sempre ricamente decoradas com ornamentos e pintura.
Stoas
Os stoas eram outro tipo de estrutura muito comum na Grécia antiga, formada por uma longa fileira de colunas apoiadas por uma parede lisa e coberta. Os stoas eram usados para os mais diversos fins, entre eles como local de reunião, armazenamento e venda de mercadorias.
Teatros
Os gregos também contribuíram fortemente com a estrutura de teatro que conhecemos hoje em dia. Acredita-se que ela tenha se formado por voltado do século V a.C, apesar de existir evidências que mostrem que os gregos já se reuniam em lugares públicos para esse fim muito antes desse período.
Não faltam teatros gregos antigos para exemplificar o apreço que esse povo tinha pelas reuniões e manifestações artísticas e culturais. Um dos mais conhecidos é o Teatro de Dionísio Eleutério, em Atenas, onde as peças de Sófocles, Eurípedes, Ésquilo e Aristófanes foram apresentadas pela primeira vez.
No entanto, o maior teatro grego antigo é o de Argos, com capacidade para 20 mil pessoas. Já o mais bem preservado é o teatro de Epidauro, que até hoje recebe apresentações.
Estádios
Os estádios são outro grande legado que os gregos deixaram no mundo. Inicialmente eles eram construídos próximos a aterros naturais, mas com o passar do tempo começaram a ganhar estruturas mais elaboradas, com filas de pedras e até mesmo degraus que serviam como assentos. Os estádios mais famosos da arquitetura grega clássica são os de Nemea e Olympia, com capacidade para 30 mil e 45 mil pessoas, respectivamente.
Habitações
O que os antigos gregos fizeram pelas construções públicas não se nota nas habitações particulares. As cidades gregas assemelhavam-se a labirintos, com casas construídas de modo desordenado em ruas estreitas e caóticas. As primeiras habitações gregas constam do século IV a.C e eram muito simples, construídas com tijolos e chão de terra batida, sem nenhum projeto especifico. A partir do século V começaram a surgir as primeiras casas de pedra, com paredes rebocadas e decoradas com pinturas.
Influência da arquitetura grega no mundo através dos séculos
Os primeiros a se influenciarem pela arquitetura grega foram os romanos. Eles se apropriaram da estética e da técnica grega de construção, agregando, porém, novos conceitos e ideias. Mesmo com distinções, a similaridade ainda é marcante, fazendo com que a arquitetura grega e a romana passassem a ser conhecidas como arquitetura de estilo clássico.
Com o fim do Império Romano, as artes e a arquitetura clássica caíram no esquecimento, passando todo o longo período da Idade Média abandonadas. Foi o Renascimento, estilo surgido na Europa entre os séculos XIV e XVI, que retirou o estilo clássico da penumbra ao promover, literalmente, um renascimento da antiga cultura greco-romana.
No século XVIII, o movimento neoclássico traz novamente o estilo greco-romano à luz, inspirado nas ideias e conceitos da arte e da arquitetura clássica.
Atualmente, a arquitetura clássica grega pode ser vista nas construções e design de interiores com projetos que primam pelo uso de padrões simétricos, ornamentações refinadas, exuberantes e grandiosas.