Apesar do nome, a arquitetura moderna não é tão “moderna” assim. O movimento tem início entre o final do século XIX e inicio do século XX, perdurando até o começo da década de 80 quando outra ideia de arquitetura começa a se difundir: a contemporânea ou pós-moderna.
Mas, afinal o que é então a arquitetura moderna?
A arquitetura moderna é um marco na própria história da humanidade, já que ela rompe com todos os padrões estabelecidos até o momento e propõe um conceito inovador de relacionar o homem com o meio em que ele vive.
Esse mesmo modernismo que estava fazendo a cabeça de artistas e designers rapidamente se alastrou pelo mundo da arquitetura, atingindo em cheio arquitetos já saturados por estilos anteriores e sedentos por novas ideias.
A Revolução Industrial, ocorrida entre 1740 e meados de 1840, impulsionou e, de certa forma, exigiu novas soluções de arquitetura e engenharia capazes de atender a essa nova configuração de sociedade, com a construção de prédios – públicos e privados – incluindo os primeiros arranhas céus da história, pontes, estradas, viadutos e residências urbanas.
O surgimento da indústria e as novas tecnologias proporcionaram aos arquitetos a utilização de novos materiais, especialmente o aço, o ferro, o vidro e o concreto armado. Diante de uma nova realidade social e com materiais totalmente novos, os arquitetos tiveram pela primeira vez a oportunidade de criar obras com liberdade de formas, estruturalmente mais leves, altas e fortes.
Finalmente, depois de muitos séculos, a arquitetura saiu debaixo das asas da Igreja para se tornar um movimento mais fortalecido em seus verdadeiros ideais, tais como os gregos e romanos a visualizaram um dia.
A arquitetura passa agora a ser funcional, fluida, orgânica e acima de tudo, humana.
Arquitetura moderna e a Bauhaus
Impossível falar de arquitetura moderna sem mencionar a Escola Bauhaus, a instituição de artes, design e arquitetura criada na República de Weimar, na Alemanha, em 1919.
A Bauhaus influenciou o pensamento modernista e teve uma importância fundamental na arquitetura moderna, sendo que até hoje ela é referência mundial no campo das artes e da arquitetura.
Mas porque a escola teve tanto destaque? A Bauhaus foi muito mais do que uma escola, ela foi a percursora dos ideais modernistas na Europa e lançou a base da arquitetura moderna.
Foi na Bauhaus que surgiu o conceito da funcionalidade guiado pela célebre frase do arquiteto Louis Sullivan “a forma segue a função”. Mas para a Bauhaus a funcionalidade não era algo visto como tedioso, chato, burocrático ou esteticamente desinteressante. Pelo contrário, a arquitetura e o design precisavam se unir para propor estruturas tão funcionais e objetivas, quanto visualmente atraentes e impactantes.
A Bauhaus também propôs um estilo de arquitetura ainda inexplorado para a época, onde os projetos arquitetônicos deveriam ser pensados em larga escala e que ao mesmo tempo fossem capazes de atingir todo o tipo de público. A partir daí começaram a surgir os primeiros apartamentos para operários nos subúrbios de Berlim, entre eles o projeto encomendado pela empresa Siemens ao arquiteto Walter Groupis, diretor da Bauhaus.
Os dormitórios estudantis e as torres de escritórios também são um marco que surgiram nessa época.
Foi na Bauhaus que o aço e o vidro começaram a ser usados em larga escala na arquitetura. A escola ainda ajudou a integrar as artes e o design aos projetos arquitetônicos e colocou o urbanismo como parte integrante do conceito de arquitetura.
Mesmo com toda sua importância para as artes e para arquitetura, a Bauhaus foi fechada em 1933 pelo governo nazista em ascensão na Alemanha.
Características da arquitetura moderna
A arquitetura moderna revolucionou as cidades e pode ser facilmente identificada por algumas características próprias ao estilo, que são elas:
Integração
Um dos pontos altos da arquitetura moderna é propor a integração e a convivência entre as pessoas. Por essa razão é muito comum que as obras de estilo moderno apresentem uma planta livre, com colunas ao invés de paredes, permitindo que as pessoas convivam em ambientes amplos.
Funcionalidade
A funcionalidade é outra característica importante da arquitetura moderna. Aqui, saem de cena os adornos exagerados para dar lugar a traços e estruturas que sejam práticas, funcionais e necessárias. Na arquitetura moderna tudo aquilo que não agrega função é descartado. Inclusive a famosa frase “menos é mais” é creditada ao arquiteto modernista alemão Mies van der Rohe, um dos ícones da arquitetura no mundo.
Vãos livres
Se existe integração, existem áreas livres. Mas os vãos não se limitam ao espaço de circulação. Eles também marcam presença nas estruturas verticais, criando áreas de respiro e trazendo luz e ventilação para dentro das construções.
Simplicidade
Linhas retas, traços bem definidos e simplicidade nas formas também marcam a arquitetura moderna.
Materiais
O aço, o vidro e o concreto armado são os principais materiais utilizados pelos arquitetos modernos. Esses materiais imprimem a estética da arquitetura moderna, mas também colaboram com a funcionalidade da obra, deixando-a mais leve, simples e iluminada.
Além de todas essas características marcantes, também são conhecidos outros aspectos propostos pelo arquiteto Le Coubesier. Eles são chamados de “Os 5 pontos da Arquitetura Moderna”, a saber:
- Fachada Livre;
- Janelas em Fita;
- Pilotis;
- Terraço Jardim;
- Planta Livre;
O arquiteto conseguiu demonstrar na prática todos esses conceitos com a obra Villa Savoye, criada em 1928.
Arquitetos modernos do Brasil e do Mundo
Mies Van Der Rohe
A famosa frase de Mies Van Der Rohe “menos é mais” retrata com precisão o estilo praticado pelo arquiteto durante toda sua carreira. Nascido na Alemanha no ano de 1886, Rohe foi professor e diretor da escola Bauhaus.
As obras de Mies Van Der Rohe exaltam a simplicidade, a praticidade e a funcionalidade aliadas à integração entre os ambientes. Até hoje as obras do arquiteto alemão são referências no mundo da arquitetura, dentre elas podemos destacar o Pavilhão Alemão da Feira Universal de Barcelona, construído em 1929. Apesar de ter sido uma estrutura temporária, demolida em 1930, a obra expressava um modernismo puro ao apresentar paredes de vidro e concreto complementadas por linhas retas, limpas e horizontais.
Rohe é considerado um dos maiores arquitetos modernistas do mundo, mesmo após a sua morte em 1969.
Le Coubesier
Le Corbusier é outro grande nome da arquitetura mundial. Nascido em 1887 na França, o arquiteto possui em seu portfólio cerca de 30 obras espalhadas pelo mundo, sendo que mais da metade delas é considerada Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO.
A principal característica das obras de Le Corbusier é o concreto armado. O visual clean, as longas janelas e os pilotis também são marca constante em suas obras.
Alias essas características incluem “Os 5 Pontos da Arquitetura Moderna”, principio criado por ele e que resume de modo objetivo o que um projeto precisa ter para ser considerado moderno.
Le Corbusier faleceu em 1965, mas antes disso deixou para a humanidade uma de suas mais expressivas obras, a Unité d’Habitation, um conjunto habitacional entregue em 1952 em Marselha, França. A ideia do arquiteto foi projetar uma espécie de “cidade-jardim” vertical onde a vida comunitária era privilegiada com espaços de uso público.
As preocupações urbanísticas, inclusive, eram outra forte característica do trabalho do arquiteto francês.
Frank Lloyd Wright
Frank Lloyd Wright é o pai da arquitetura orgânica, uma concepção inovadora de construção que une novamente o homem à natureza. Frank criou uma nova corrente dentro da arquitetura moderna ao pensar na obra como um organismo vivo, funcional e integrado ao meio.
A sua principal obra é a Casa da Cascata, localizada no estado americano da Pensilvânia, uma estrutura impressionante erguida literalmente sobre uma cascata. Não demorou muito para que a obra se tornasse um ícone da arquitetura orgânica e, também, da arquitetura moderna.
Frank Lloyd Wright nasceu nos EUA em 1867 e se tornou um dos grandes nomes da arquitetura norte-americana.
Gregori Warchavchick
Ao contrário do que você pode imaginar, o primeiro arquiteto modernista no Brasil não foi Oscar Niemeyer, mas sim um ucraniano naturalizado brasileiro. GregoriWarchavchick foi o primeiro a construir uma residência modernista no Brasil, onde ele próprio viveu depois de se casar.
Localizada na Rua Santa Cruz, no bairro da Vila Mariana em SP, a casa possui uma história interessante. Dizem que para conseguir aprovar o projeto junto à prefeitura, Warchavchick precisou camuflar alguns aspectos da obra e após a conclusão alegou que não tinha dinheiro suficiente para conclui-la.
Oscar Niemeyer
O arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer dispensa maiores apresentações. Ele foi um marco na história da arquitetura brasileira e um grande referencial para o mundo. A carreira de Niemeyerteve inicio em 1935 no escritório do arquiteto Lucio Costa.
Entre tantas obras importantes do arquiteto, a que mais se destaca é o projeto arquitetônico da nova capital do Brasil. Brasília foi a primeira cidade do mundo construída sobre a base do pensamento moderno.
Entre as principais obras da cidade planejada estão o Palácio da Alvorada, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto. Outras obras de destaque do arquiteto são a Pampulha, em Minas Gerais e o Edifício Copan, em São Paulo, construído entre os anos de 1951 a 1966.
Niemeyer faleceu em 2012 deixando uma marca sinuosa e curvilínea na história da arquitetura mundial.
Lucio Costa
Lucio Costa é outro grande nome da arquitetura brasileira. Foi ele o responsável pela construção da sede do Ministério da Educação no Rio de Janeiro e pelo projeto de urbanismo da nova capital federal, Brasília.
Em 1960, Lucio Costa recebeu o titulo de Professor Honorário de Harvard.
Lina Bo Bardi
Lina Bo Bardi é um dos poucos nomes femininos na lista dos grandes arquitetos modernistas brasileiros. Um dos projetos mais expressivos da artista é o Museu de Arte de São Paulo (MASP), um típico exemplar da arquitetura moderna.
Mas o primeiro projeto da carreira da arquiteta ítalo-brasileira é a Casa de Vidro, localizada no bairro do Morumbi em São Paulo. Finalizado em 1951, o projeto se tornou a residência de Lina e de seu marido P.M. Bardi. Atualmente, o local é aberto ao público e abriga o Instituto Bardi.
Grandes e emblemáticas obras da arquitetura moderna no Brasil e no Mundo
1. Masp
O Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP) foi inaugurado em 1947 e projetado pela arquiteta Lina Bo Bardi. O museu de arte possui todas as características que a arquitetura moderna prioriza.
2. Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro é outro marco na história da arquitetura moderna brasileira. Projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, ele foi inaugurado em 1948 e recebe anualmente cerca de 250 mil visitantes.
3. Brasília
A capital Brasilia é a primeira cidade do mundo projetada e construída tendo como base os ideais modernistas. Os arquitetos responsáveis pela construção da cidade são Oscar Niemeyer e Lúcio Costa.
Niemeyer ficou encarregado de projetar os edifícios públicos, como o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, já Lúcio Costa foi o idealizador do projeto urbanístico da capital.
4. Word Trade Center
As torres que integravam o complexo World Trade Center também estão na lista das maiores obras modernistas do mundo, isso até o trágico acidente em 2001. Projetadas pelo arquiteto Minoru Yamasaki, as torres foram construídas entre 1966 e 1971. Os 110 andares foram construídos em aço e concreto.
5. Sede das Nações Unidas
O edifício sede das Nações Unidas, em Nova York, foi projetado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer e custou a bagatela de cerca de 600 milhões de dólares. O edifício de 155 metros de altura foi inaugurado em 1952.
6. Casa da Cascata
A casa da Cascata foi construída em 1938 no estado americano da Pensilvânia. Quem assina a obra é o arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright. A casa é uma representação perfeita da harmonia que é possível estabelecer entre homem e natureza. A Casa da Cascata é um marco dentro da arquitetura orgânica criada por Wright.
7. Unité d’habitation
A Unité d’Habitation, em Marselha, França, é um projeto de autoria de Le Corbusier, aliás esse talvez seja uma das principais obras do arquiteto. A Unité d’Habitation possui todos os traços de uma arquitetura tipicamente moderna.
8. Edifício Seagram
O arranha céu construído em 1958 mudou o cenário da cidade de Nova York. Projetado pelos arquitetos Miles van der Rohe e Philip Johnson, o edifício Seagram possui 157 metros de altura e 38 andares.