Pimenteira não serve só para afastar mau olhado e olho gordo, não viu? Ter um pezinho de pimenta em casa pode ser a sua chance de desfrutar de pratos mais saborosos e com o nível de ardência que você mais gosta. Ou seja: bye, bye, molhinho pronto de supermercado!
Mas para ter essa pequena maravilha da natureza em casa, você vai precisar primeiro aprender como plantar pimenta do jeito certo.
E é justamente isso que vamos falar no post de hoje, vem com a gente?
Características e origens
Quem gosta de pimenta, já deve ter ouvido falar nos diferentes níveis de ardência que existem entre as espécies. É fundamental saber disso na hora de escolher qual pimenta plantar.
De modo geral, todas as pimentas pertencem à família Solanaceae – mais especificamente do grupo das Capsicum – e nativas de regiões de clima quente, sendo que a maior parte delas tem origem nas Américas do Sul e Central.
O primeiro registro de consumo de pimenta na história data de mais de 9 mil anos a.C, na região de Tehuacán, México. Já no Brasil, foram os índios que deram início ao plantio e consumo das pimentas, colaborando com a expansão dessa cultura para o restante do mundo logo após a chegada dos portugueses.
E você saberia dizer quais são as pimentas mais populares por aqui? Então tome nota da listinha abaixo e veja qual delas pode ser cultivada aí na sua casa.
Tipos de pimenta
Pimenta de bode
Também conhecida como pimenta de cheiro, essa pimenta é típica dos estados de Goiás, Bahia, Tocantins e Minas Gerais.
A pimenta de bode possui formato arredondado e pode ser encontrada verde, quando ainda está imatura, ou já nas colorações amarelo e vermelho, indicando sua maturidade.
Com grau de ardência médio, a pimenta de bode é uma ótima acompanhante de carnes de porco e de uma bela feijoada.
Pimenta biquinho
A pimenta biquinho, como o próprio nome sugere, é redondinha e possui o formato de um biquinho na extremidade.
Perfeita para quem aprecia o cheiro e o sabor da pimenta, mas não tolera a ardência e a picância de uma pimenta tradicional. Isso porque, a pimenta biquinho não é ardida, pelo contrário, possui um sabor leve e até meio adocicado.
Por isso, é muito utilizada para decorar pratos, complementar saladas e até mesmo para preparações doces, como caldas e geleias.
Pimenta malagueta
Ao contrário da pimenta biquinho, a pimenta malagueta possui uma ardência de nível intermediário a alto.
De formato alongado e de cor vermelha e casca brilhante, a pimenta malagueta confere sabor intenso a pratos a base de carne vermelha. Na Bahia, a pimenta malagueta é ingrediente indispensável de preparações típicas como o vatapá e o caruru.
A pimenta malagueta também é perfeita para fazer molhos e conservas.
Pimenta dedo de moça
A pimenta dedo de moça é muito popular no Brasil, especialmente em forma de molhos.
Com formato que se assemelha realmente a um dedo, a pimenta dedo de moça possui ardência média e fica ótima quando combinada a pratos mais gordurosos. Para deixá-la com um grau de ardência mais suave, basta retirar as sementes.
Pimenta cumari
Pequenina, mas perigosa! A pimenta cumari está na lista de uma das mais picantes, com alto nível de ardência! Muito utilizada em conservas, a pimenta cumari realça o sabor de pratos simples do dia a dia, como o arroz e feijão.
Pimenta do reino
A pimenta do reino é uma das mais consumidas do mundo! Geralmente encontrada na versão desidratada ou em pó, essa pimenta possui o formato de um pequeno grão.
Com grau de ardência entre o suave e o médio, a pimenta do reino pode ser utilizada para temperar desde carnes até o feijão do dia a dia.
Pimenta caiena
A pimenta caiena, geralmente encontrada em forma de pó, possui ardência média e vai muito bem em pratos orientais, como os tailandeses e indianos.
Pimenta jalapeño
Com a popularização da culinária mexicana no Brasil, veio também a pimenta jalapeño.
Ingrediente fundamental de preparações como chilli, tacos e burritos, a pimenta jalapeño não decepciona quem aprecia um grau de ardência mais forte. Essa pequena notável, de cor verde, parecendo um pimentão, vai bem também em preparações a base de frutos do mar.
Pimenta rosa
A pimenta rosa é outra boa opção para quem aprecia o aroma e sabor das pimentas, mas deseja algo mais ameno em relação a ardência.
A pimenta rosa possui uma leve picância, apesar do seu aroma forte. Uma curiosidade interessante sobre a pimenta rosa é que ela, na verdade, não é uma pimenta, mas o fruto de uma árvore conhecida como aroeira.
Pimenta Murupi
Das pimentas brasileiras, a Murupi é a mais ardida. Típica da região do Amazonas, essa pimenta possui uma coloração levemente esverdeada. Na região norte do Brasil, a Murupi é muito utilizada na preparação de pratos a base de peixes.
Carolina Reaper: a pimenta mais ardida do mundo
Os apaixonados por pimenta já devem ter ouvido falar na Carolina Reaper. Não, não é uma atriz de Hollywood, nem nenhuma celebridade. A Carolina Reaper é, nada mais, nada menos, do que a pimenta mais ardida do mundo!
De acordo com a Scoville, uma escala criada para medir o grau de ardência das pimentas, a Carolina Reaper atingiu níveis de picância entre 1.800.000 a 3.000.000. Ou, seja, cerca de 400 vezes mais ardida que a jalapeño.
Só para efeito de comparação, a pimenta malagueta possui 50.000 de ardência, enquanto a dedo de moça atinge níveis entre 5.000 e 15.000.
A Carolina Reaper não veio ao mundo para brincadeira, não! Em 2013, um homem norte-americano chegou a ter sintomas parecidos com o de um AVC após ter consumido uma pequena porção da pimenta.
E, aí, você encararia uma Carolina Reaper?
Benefícios da pimenta para saúde
Mas não é só de ardência que vivem as pimentas. Você sabia que elas também são benéficas para a saúde humana?
A maior parte das espécies de pimentas é rica em vitamina C, além de auxiliar no controle do índice glicêmico no sangue, ou seja, muito indicada para os diabéticos.
A pimenta também é estimulante do sistema circulatório. Outra característica interessante da pimenta é que ela pode ser usada em dietas de emagrecimento, uma vez que, por ser um alimento termogênico, ajuda na aceleração do metabolismo e na consequente perda de peso.
Como plantar pimenta?
Solo ideal
As pimentas devem ser plantadas em solo com boa porcentagem de matéria orgânica. A recomendação é fazer uma mistura de 70% de terra comum para 30% de composto orgânico, como húmus de minhoca, por exemplo.
O solo também deve ser bem drenado, uma vez que a pimenteira não se desenvolve em solos muito úmidos e encharcados.
A sua pimentinha pode ser plantada em vasos, jardineiras ou diretamente no solo, caso tenha um jardim ou uma horta em casa. Para o plantio, tenha em mãos sementes da espécie escolhida ou, se preferir, compre a muda já pegada e apenas a transfira para o local definitivo.
No caso de optar pelas sementes, lembre-se apenas de não cobri-las demais com terra. Na dúvida, pegue uma peneira e polvilhe a terra levemente por cima. Em cada covinha, coloque três sementes.
Regue as sementinhas todos os dias com a ajuda de um spray ou borrifador, mas não molhe demais. Quando elas começarem a brotar, já é possível colocá-las no sol. Após atingirem cerca de dez a quinze centímetros, faça o transplante para o local definitivo.
Luz e temperatura
Para crescer linda e feliz, a pimenteira precisa de sol e calor. Isso significa que você deve deixar o vaso ou fazer o plantio em um local que receba, no mínimo, seis horas de sol direto.
A temperatura também é importante. As pimentas se desenvolvem melhor sob temperaturas acima de 20º. Inclusive, prefira fazer o plantio entre os meses de agosto e dezembro, período em que as temperaturas começam a subir e as sementes tem maior chance de germinar.
Rega
A rega é uma das coisas mais importantes na hora de cultivar a pimenta em casa. Se você regar demais, a pimenteira apodrece e morre, mas se você deixar de regar, ela seca. Por isso, se o seu pezinho de pimenta secou pode ter sido por falta de água e não olho gordo, tá?
Na dúvida, a dica é tocar a terra com a ponta dos dedos. Se sair com o dedo sujo, sinal de que a terra ainda está úmida e não precisa de mais água, mas se notar a terra esfarelenta e nenhum sinal dela nos seus dedos, pode fazer a rega.
Adubação
Para deixar a pimenteira mais forte, saudável e feliz, faça a adubação a cada dois meses, mais ou menos.
Prefira adubos orgânicos, já que você vai consumir os frutos. Você pode usar húmus de minhoca ou até mesmo fazer o seu próprio adubo em casa, usando uma composteira doméstica.
Junto com a adubação, aproveite também para conferir como anda a saúde do seu pé de pimenta. Se notar folhas amareladas e secas, corte-as. Fungos e pulgões podem ser comuns também, por isso, sempre verifique a presença de pragas na pimenteira.
Hora de colher
Quando notar a presença das primeiras flores, pegue uma tesoura e corte-as. Isso mesmo, corte as primeiras flores da pimenteira para que ela cresça com mais força, assim, na próxima florada ela vai te presentear com pimentas maiores e de melhor qualidade.
Em algumas espécies, já é possível colher as primeiras pimentas 60 dias após o transplante da muda. Para colher, prefira os momentos menos quente do dia, como o início da manhã e o final da tarde. Use sempre uma tesourinha de poda para fazer a colheita e não danificar os ramos da planta.
Cuidado ao manusear as pimentas. Algumas delas, pelo alto grau de ardência, podem provocar coceira e até queimaduras na pele. A dica é sempre usar luvas.
Pronto para começar a plantar pimenta em casa? Mãos a obra então!