22ºC é a temperatura considerada ideal para um bom conforto térmico. Ou seja, nem frio, nem calor. Acontece que na natureza essas temperaturas não são constantes, muito pelo contrário. As variações são imensas e você nem precisa mudar de país para sentir isso na pele, literalmente.
Aqui mesmo no Brasil, essa variação de temperatura é facilmente percebida entre as estações do ano. Enquanto no inverno, os termômetros podem alcançar médias de 8ºC a 10ºC, dependendo da região; no verão, ao contrário, as temperaturas disparam, chegando a bater a casa dos 35ºC, sem dó, nem piedade.
A dúvida que fica é como se sentir confortável em meio a todas essas oscilações? A resposta é uma só: conforto térmico!
Continue acompanhando o post com a gente que montamos um manual do conforto térmico para você não passar mais perrengue. Vem ver!
O que é conforto térmico?
Você sabe o que é conforto térmico? O termo diz respeito a capacidade humana de se adaptar a um ambiente consumindo a menor quantidade de energia possível.
Isso significa não sentir nem frio, nem calor. Ou seja, o organismo não precisa se esforçar para equilibrar a temperatura interna com a externa. Contudo, essa noção de conforto térmico pode variar de indivíduo para indivíduo.
Em razão disso, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) recomenda, em sua norma NBR 16.041, que durante o verão a faixa de temperatura ideal varie entre 22ºC a 26ºC dentro das edificações. Já durante o inverno, o recomendado é que as temperaturas internas fiquem entre 20ºC a 23ºC.
Essas temperaturas, além de serem as mais confortáveis para o corpo humano, ainda evitam o famoso choque térmico que frequentemente acontece quando uma pessoa sai de um ambiente quente para um ambiente frio e vice-versa.
Qual a importância do conforto térmico?
Redução das sensações extremas de temperatura
Com certeza, uma das maiores vantagens do conforto térmico em edificações é a possibilidade de reduzir a sensação de temperaturas extremas, tanto para o frio, quanto para o calor. E vamos combinar uma coisa: não existe nada melhor do se sentir fresco naqueles dias de verão ou aconchegado em dias de inverno!
Melhora no desempenho de tarefas
O calor ou o frio excessivo causam um tremendo impacto na produtividade e na execução de tarefas e atividades diárias.
Em um ambiente corporativo, por exemplo, essa variação de temperatura é muito prejudicial a concentração e ao foco dos funcionários. Já dentro de casa, o desconforto térmico pode provocar até mesmo dificuldades para dormir e quadros de insônia.
Bem estar físico e mental
O conforto térmico atua no bem estar físico e mental. Quando o corpo não precisa se esforçar e gastar energia para regular a própria temperatura, sobra mais energia para o desempenho de outras tarefas.
Enquanto isso, o cérebro e a mente também são beneficiados. Diversos estudos já comprovaram que as temperaturas extremas são fontes de estresse, ansiedade, irritação, fadiga, além de outros sintomas físicos como alteração da pressão arterial, dores de cabeça e mudanças de humor.
Controle acústico
Quando existe conforto térmico residencial ou empresarial, ao mesmo tempo se ganha conforto acústico. Isso porque a maior parte dos materiais usados para garantir o controle das temperaturas também é usado para obter isolamento acústico.
Um bom exemplo são as telhas sanduíche que promovem as duas coisas numa tacada só.
Sustentabilidade e economia
Não podemos deixar de falar de sustentabilidade em um post sobre conforto térmico.
Quando uma edificação é planejada levando em consideração o conforto térmico, automaticamente se reduz a necessidade de uso de aparelhos elétricos, em especial o ar condicionado. E todo mundo sabe quanta diferença um aparelho desse tipo faz na conta de luz no final do mês, não é?
Mas não é só isso. Uma casa planejada para ter conforto térmico é naturalmente mais ventilada e iluminada, diminuindo também o consumo com lâmpadas.
Soluções de conforto térmico em edificações
Existem, basicamente, duas maneiras de promover o conforto térmico em edificações. A primeira delas e a mais indicada é durante a etapa de planejamento e construção. A segunda maneira é por meio de pequenas alterações no projeto de uma casa já construída.
Veja mais a seguir…
No momento da obra
Orientação solar
Uma das primeiras coisas a serem analisadas durante o projeto de uma casa com conforto térmico é a disposição do terreno em relação a orientação solar. No hemisfério sul, onde vivemos, as estações e a posição do sol são bem definidas e previsíveis durante o ano.
A face leste de uma casa recebe a luz e o calor suave e ameno da manhã. Recomenda-se que os quartos e a sala sejam posicionados para esse lado. A face oeste, no entanto, é onde o sol se põe, portanto, mais quente e mais intenso na parte da tarde. Já a face sul é onde bate menos sol, ou seja, a incidência solar é mínima.
Enquanto isso, a face norte é aquela que recebe luz solar durante todo o dia e, por conta disso, tende a aquecer mais, assim como o lado oeste. Os ambientes voltados para esse lado devem ser aqueles de pouca permanência, como área de serviço e banheiros, por exemplo.
Tipo de telhado
O formato e o material usado para o telhado também impacta no conforto térmico de uma edificação. Via de regra, a inclinação do telhado favorece a distribuição do vento para dentro da edificação. Por isso, quanto maior a inclinação, melhor.
As telhas também devem ser escolhidas com base no conforto térmico. Hoje em dia, as telhas metálicas, conhecidas como sanduíche estão ganhando espaço justamente por oferecerem controle das temperaturas internas e conforto acústico.
Mas as tradicionais telhas cerâmicas não perderam seu valor. Elas continuam sendo uma boa opção para quem deseja ter conforto térmico.
Vãos e aberturas
Uma casa bem ventilada é fundamental para o conforto térmico. E, para isso, nada melhor do que contar com vãos e aberturas amplas, seja nas paredes, em forma de portas e janelas, seja no teto, com opções de telhados retráteis, por exemplo.
Lembrando que no verão é interessante manter janelas abertas durante a noite, na medida do possível, para que o ar fresco entre nos ambientes. Já no inverno é o contrário. Mantenha as janelas fechadas durante a noite e abra nas primeiras horas do dia para que o sol possa aquecer, mesmo que levemente, o interior da casa.
Cobogós e brises
Mais um ótimo recurso para promover a ventilação e iluminação natural nas casas são os cobogós e os brises.
Os cobogós são um tipo de tijolo vazado muito comum na demarcação de ambientes integrados, já que eles não separam totalmente os espaços e ainda permitem a troca de ar e luz entre os cômodos.
Já os brises são semelhantes às laminas de uma persiana, mas geralmente feitos em madeira e instalados na fachada da casa. Eles permitem regular a passagem de luz e ar, mantendo a casa fresca nos períodos mais quentes do dia.
Outra vantagem desses dois elementos é que eles também favorecem a privacidade, uma vez que não expõe a parte interna da casa.
Revestimento cerâmico
Os pisos e revestimentos cerâmicos, assim como o porcelanato, são considerados pisos frios e, por conta disso, ajudam a manter a temperatura interna das edificações mais baixa.
E no inverno? Nos dias frios, basta usar um tapete sobre o piso e a casa se aquece rapidamente.
Distância entre construções
Sabia que a distância entre as construções também impacta na qualidade do conforto térmico? Quanto maior o espaço livre entre uma casa e outra, maior será a circulação de ar e, consequentemente, a sensação de frescor.
Materiais térmicos
O uso de materiais considerados térmicos, ou seja, que possuem boa condutividade, devem ser priorizados no momento da construção. É o caso, por exemplo, da madeira, do drywall e de alguns tipos de vidros. A madeira e o drywall podem ser usados em forma de paredes, cobertura de teto e, no caso da madeira, até mesmo no piso.
Já os vidros especiais, como é o caso do vidro refletivo, permitem a passagem da luz, mas bloqueiam a radiação. Com isso, os ambientes ficam iluminados, sem serem aquecidos.
Casa pronta, e agora?
Isolantes térmicos
Existe solução para o conforto térmico de uma casa já construída? Sim! E o principal deles são os isolantes térmicos, geralmente usados sobre os telhados.
Esses isolantes, feitos em fibra de vidro ou lã de rocha, são instalados com o objetivo de reduzir a entrada de calor nos ambientes durante o verão e para impedir a saída de calor no inverno.
Cores claras
As cores possuem um forte efeito no conforto térmico dos ambientes, apesar de não serem suficientes para abafar um calorão, por exemplo. Mas mesmo assim, ajudam muito.
A dica, nesse caso, é sempre optar por cores claras, como o branco, o bege, o cinza claro e os tons de off white. Essas cores, ao contrário das cores escuras, não absorvem luz e calor, apenas refletem, e, com isso, conseguem manter os ambientes mais agradáveis.
Disposição dos móveis
O modo como os móveis estão dispostos nos ambientes pode também interferir no conforto térmico. Durante o verão, o ideal é mantê-los afastados entre si para que o ar possa circular sem impedimentos. Já no inverno, faça o contrário. Aproxime a mobília para que o calor retido no ambiente não se perca.
Tapetes e cortinas
Tapetes e cortinas decoram, mas também trazem conforto térmico residencial. No caso das cortinas, elas ajudam a bloquear a passagem de luz e calor. Enquanto os tapetes, muito indicados para o inverno, seguram o calor e mantém os ambientes mais aconchegantes.
Plantas
As plantas são ótimas aliadas do conforto térmico. As verdinhas conseguem manter a umidade do ar e, com isso, ajudam a deixar o ambiente mais fresco! Use-as sem moderação tanto dentro, quanto fora de casa!
Anotou todas as dicas? Agora é só colocar as ideias em prática e garantir o conforto térmico residencial!