O descarte correto de lâmpadas ainda é um problema no Brasil. Falta informação e faltam postos de coleta.
Só para você ter uma ideia, todos os anos são descartados cerca de 206 milhões de lâmpadas, mas apenas 6% desse montante recebe uma destinação adequada, conforme indica um artigo publicado pela revista Engenharia Sanitária Ambiental, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES).
Faltam leis, então? Não. O Brasil possui a lei nº 12.305/10, conhecida também como Política Nacional de Resíduos Sólidos, que entre outros assuntos aborda o descarte de lâmpadas.
De acordo com essa lei, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de lâmpadas são obrigados a oferecer aos clientes um serviço de logística reversa sob pena de serem impedidos de vender no Brasil. E o que seria isso?
É um termo muito empregado atualmente e diz respeito ao descarte correto de um produto ao final da vida útil. Na logística reversa, as empresas se comprometem a recolher esse produto de volta e garantir a destinação correta, sem danos ou qualquer tipo de prejuízo ao meio ambiente ou a sociedade.
Mas se existe leis e punições, qual o problema então? Falta conscientização. Entre a empresa e o consumidor existe um abismo de informação ou, melhor, falta de informação. Daí de nada adianta existirem leis, uma vez que o consumidor (parte importantíssima de todo esse processo) não está consciente da importância do descarte correto de lâmpadas, muito menos de como ele pode participar disso.
Muitas vezes é o consumidor que precisa ir atrás, já que os dados não chegam de modo claro, objetivo e eficaz por parte do governo e das empresas. Resumindo, é o que você está fazendo aqui nesse post, neste exato momento. E nós, é claro, esclareceremos tudo, confira!
Qual importância do descarte correto de lâmpadas?
O descarte irregular de lâmpadas é um problema para o meio ambiente e, consequentemente, para a nossa saúde. O conteúdo das lâmpadas, quase sempre tóxico, pode vazar para o solo e os lençóis de água se for simplesmente jogado no lixo comum. O resultado? Plantas e animais são contaminados e que, posteriormente, chegarão até nós em forma de alimento.
Outra complicação também é a geração de lixo. Já é fato que o planeta não suporta mais o nível de destruição e poluição gerado hoje em dia e toda ação em prol da reciclagem e reaproveitamento de materiais é mais do que necessário.
Quando são recicladas, as lâmpadas podem ser desmontadas e seus componentes separados para reutilização, como vidro e metais.
Como fazer o descarte correto de lâmpadas?
Acompanhe a seguir o passo a passo para que você possa fazer o descarte adequado das lâmpadas da sua casa ou da sua empresa.
Separe as lâmpadas por tipo
Em primeiro lugar, comece separando as lâmpadas por tipo, ou seja, se elas são incandescentes, fluorescentes e de LED. Mas, porque?
Cada uma dessas lâmpadas possui um processo de fabricação diferente e também materiais diferentes na composição. Isso exige que elas sejam descartadas em pontos de coletas específicos, já que as lâmpadas incandescentes, não podem ser reaproveitadas junto com as de LED, por exemplo.
Veja abaixo como identificar as lâmpadas existentes hoje no mercado:
Incandescente
A lâmpada incandescente foi a primeira utilizada na história da humanidade e durante muito tempo a opção mais comum de iluminação em residências e espaços comerciais.
Criada por Thomas Edison, a lâmpada incandescente está proibida no Brasil desde 2016 por conta do seu alto consumo energético. Primeiro, elas foram substituídas pelas lâmpadas fluorescentes e, agora, mais recentemente, pelas versões em LED.
Mas, caso você ainda tenha uma lâmpada incandescente em casa, saiba que elas podem ser reconhecidas pelo formato em bulbo e pelo vidro fino. Por dentro, essas lâmpadas são preenchidas por um gás chamado argônio e por tungstênio, um filamento metálico. Quando acessa, emite uma luz branca com fundo levemente amarelado.
Fluorescente
As lâmpadas fluorescentes ainda existem no mercado e estão disponíveis em distintos tamanhos, voltagens e formatos. É possível reconhecê-la pela aparência que se assemelha a uma espiral e também em tubo alongado, muito utilizado em empresas, comércios e indústrias.
Ao contrário da incandescente, possui baixo gasto energético e são mais duráveis. No entanto, contêm pequenas quantidades de mercúrio na composição, um metal pesado tóxico, o que torna esse tipo de lâmpada um perigo para o meio ambiente.
LED
Hoje em dia, o que se tem de mais moderno são as lâmpadas de LED (Light Emitting Diode). Comparadas aos modelos anteriores, consomem significativamente menos energia para produzir a mesma quantidade de luz e têm uma vida útil mais longa, muitas vezes durando dezenas de milhares de horas.
Com inúmeros formatos, cores e voltagens, as lâmpadas de LED podem ser empregadas em diversos tipos de ambientes e locais.
E, apesar de não conter mercúrio em sua composição, liberam chumbo e fenóis altamente prejudiciais para o meio ambiente e para a saúde humana. Por isso mesmo, é importantíssimo fazer o descarte correto desse tipo de lâmpada também.
Embrulhe corretamente
Após fazer a triagem das lâmpadas por tipo, deve-se tomar o cuidado de embrulhá-las adequadamente para não correr o risco de quebrar e se ferir com os cacos de vidro afiados ou, ainda, provocar ferimentos em outras pessoas.
Essa etapa é ainda mais importante no caso das fluorescentes já que a embalagem pode ajudar a conter qualquer vazamento potencial de mercúrio durante o transporte ou manipulação.
Para tanto, basta envolvê-las em um papel ou outro material resistente que tenha em casa. Depois, coloque-as dentro de uma caixa e passe para o próximo passo.
E se a lâmpada estiver quebrada?
Se a lâmpada estiver quebrada, então, o cuidado deve ser ainda maior.
Em primeiro lugar, certifique-se de recolher cuidadosamente os fragmentos de vidro e quaisquer outros resíduos que possam estar no chão, no bocal ou sobre os móveis. Manuseie a lâmpada danificada usando luvas de proteção para evitar a contaminação por mercúrio e evite usar aspirador de pó, uma vez que a substância pode se espalhar ainda mais.
Uma dica valiosa: é aconselhável ventilar bem o ambiente, abrindo portas e janelas para permitir a dispersão de qualquer substância e lavar as mãos e as roupas usadas no procedimento.
Em seguida, coloque tudo o que sobrou da lâmpada dentro de um recipiente resistente e lacrado, de preferência feito de plástico duro, para evitar perfurações. Isso evita que os catadores sofram acidentes e fiquem expostos ao metal tóxico. Depois, basta encaminhar a embalagem ao ponto de coleta mais próximo.
Procure um posto de coleta
Chegou o momento de buscar pelo posto de coleta na sua cidade. Mas, calma. Não é nada complicado.
A primeira alternativa é acessar sites como Recicla (uma iniciativa das empresas de coleta de resíduos domiciliares da cidade de São Paulo) ou Reciclus (uma organização formada por fabricantes, importadores e distribuidores de lâmpadas). Essas entidades reúnem os postos de coleta mais próximos do consumidor a partir do código postal (CEP).
Por lá também é possível conferir outros postos de coleta de resíduos, como óleo de cozinha, eletrônicos, eletrodomésticos, móveis, pilhas, vidros, remédios, não apenas de lâmpadas. Fica a dica!
Você também pode procurar totens de coleta em supermercados e lojas de material de construção. Isso porque, de acordo com a lei, as empresas que comercializam lâmpadas devem oferecer ao consumidor, obrigatoriamente, postos de coleta.
Porém, na prática, apenas os estabelecimentos de grande porte é que oferecem esse serviço. Os pequenos lojistas ainda relutam em oferecer os totens, uma vez que, eles tendem a ocupar espaço no comércio, tomando o lugar de prateleiras expositoras, por exemplo.
Conseguir achar o posto de coleta mais próximo? Maravilha! Agora é só ir até lá e deixar suas lâmpadas.
Entre em contato com o fabricante
Caso encontre alguma dificuldade durante o processo de descarte da lâmpada, a recomendação é entrar em contato com o fabricante e informar o que está acontecendo.
Lembre-se que as empresas, sejam fabricantes, distribuidoras ou importadoras, têm a obrigação legal de realizar o recolhimento das lâmpadas usadas, e seus sites frequentemente fornecem orientações detalhadas sobre como proceder.
Faça valer o seu direito como consumidor. Proteja o meio ambiente e a saúde de todos ao seu redor!