Quantos aparelhos celulares você já teve na vida? E televisores? Computadores? Baterias, cabos e pilhas, tem ideia?
Mesmo que você não saiba a resposta exata para essa pergunta, uma coisa é certa: todo esse lixo eletrônico que você descartou ao longo dos anos continua existindo em algum lugar do planeta, afinal, não existe “jogar fora”.
Estima-se que o todo ano seja gerado cerca de 53 milhões de toneladas de lixo eletrônico, cerca de 7 kg de lixo por habitante do planeta, segundo informa os dados do relatório Global E-Waste Monitor 2020“, da Aliança Mundial para o Controle Estatístico dos Resíduos Eletrônicos.
E para onde vai tudo isso? Esse é o grande desafio do mundo moderno.
Sociedade, juntamente de governos e empresas, precisam urgentemente criar um senso de responsabilidade comum a respeito do descarte do lixo eletrônico ou então é muito provável que em breve estaremos vivendo no mesmo mundo sombrio de Wall-E.
Bora então assumir essa responsabilidade e promover o descarte correto do lixo eletrônico?
O que é lixo eletrônico?
De maneira simples e objetiva: lixo eletrônico, também conhecido como Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE), é tudo aquilo que você pode ligar e desligar, seja em um clique ou em um botão. Tudo aquilo que é conectado a rede elétrica ou abastecido por pilhas e baterias.
Portanto, se encaixam nesse grupo todo tipo de aparelho pessoal, doméstico e de uso comercial, como é o caso de celulares, computadores, TV, fogão, geladeira, microondas, etc, etc, etc.
As partes e acessórios desses aparelhos também são considerados como lixo eletrônico, como fios, carcaças, cabos, antenas e por aí vai.
O lixo eletrônico, assim como o lixo comum, é dividido em grupos para facilitar o processo de reciclagem. A classificação também segue um padrão de cores, anota aí:
Linha verde
Os eletroeletrônicos da linha verde são:
- celulares,
- computadores,
- impressoras,
- placas de vídeo,
- vídeo games,
- câmeras,
- carregadores,
- fones de ouvido,
- pen drives,
- cartões de memória,
- cabos,
- pilhas,
- baterias
- e outros aparelhos de uso pessoal, seja doméstico ou comercial.
Linha marrom
Na linha marrom estão os aparelhos eletrônicos como:
- televisores,
- home theater,
- DVDs,
- aparelhos de som
- e outros apetrechos de entretenimento doméstico.
Linha azul
A linha azul faz referência a todo tipo de aparelho eletrodoméstico portátil como:
- liquidificador,
- cafeteira,
- batedeira,
- multiprocessador,
- ferro de passar,
- secador de cabelo
Linha branca
Já a linha branca, uma das mais conhecidas, não diz respeito apenas a cor dos aparelhos eletrônicos, mas também a sua classificação como lixo. Entram nessa lista aparelhos domésticos de grande porte como:
- geladeira,
- freezer,
- fogão,
- máquina de lavar,
- secadora de roupa,
- microondas
- e forno elétrico, por exemplo.
Essa classificação é importante para ajudar a selecionar e separar o lixo eletrônico de maneira correta, destinando-o ao local mais adequado para reciclagem e reaproveitamento.
Qual o problema do lixo eletrônico?
Muitos. O primeiro deles é o potencial de toxicidade e poluição, colocando em risco a biodiversidade de animais e plantas, além da própria saúde humana.
Isso porque muitos desses aparelhos possuem componentes químicos perigosos na composição das peças, como é o caso do chumbo e do alumínio.
Outro grande problema do lixo eletrônico é que ele leva centenas de milhares de anos para se decompor na natureza.
Com isso, todo o lixo eletrônico produzido no mundo serve apenas para uma coisa: criar montanhas gigantescas de resíduos.
O mais triste dessa história é que grande parte desse lixo eletrônico acaba indo parar em países pobres, uma vez que os países ricos querem apenas “jogar fora” tudo o que não serve mais.
De acordo com dados da Basel Action Network, uma instituição norte-americana que trabalha pelo fim da exportação do lixo eletrônico, países pobres do sudeste asiático, como Malásia e Filipinas, e da África, como Gana, se tornaram um grande “quintal”, recebendo cargas enormes de componentes eletrônicos que se amontam em pilhas monumentais sem nenhum tipo de cuidado ou politica de gestão, manuseio ou reciclagem, expondo o meio ambiente e a vida de milhares de pessoas ao risco de contaminação.
Acha que acabou? Ainda não! A problemática do lixo eletrônico é bem maior do que se imagina.
Todo equipamento gera danos ao meio ambiente para ser produzido. Além do consumo de recursos naturais, como a água, por exemplo, esses aparelhos exigem a extração de minérios (algo super danoso ao meio ambiente), o consumo de energia elétrica, sem contar todo o sistema de logística envolvida na produção que por si só já contribui com a poluição do planeta.
Quando a reciclagem não acontece esses recursos precisam ser novamente extraídos e utilizados, provocando ainda mais danos, poluição e desgaste ambiental. No entanto, com a reciclagem muitas peças e componentes podem ser reaproveitados, voltando ao ciclo de produção e, consequentemente, evitando o desperdício de recursos naturais importantíssimos.
Lixo eletrônico no Brasil e no mundo
O Brasil é o país que mais produz lixo eletrônico na América do Sul e o quinto país que mais produz lixo eletrônico no mundo, descartando anualmente cerca de 2,1 milhões de toneladas. E como se cada brasileiro produzisse 10 quilos de lixo eletrônico por ano.
Mas o campeão em descarte de resíduos eletrônicos é a China. O país produz, nada mais, nada menos, do que 10 milhões de toneladas de lixo todos os anos. Em seguida, vem os Estados Unidos com uma produção de lixo eletrônico que beira a casa das 7 milhões de toneladas.
Em terceiro lugar está a Índia. Por lá, descarta-se anualmente 3,5 milhões de toneladas.
Mas quem surpreende mesmo é o Japão. O pequeno país asiático produz uma quantidade de lixo enorme quando comparado proporcionalmente aos demais países. São cerca de 2,5 milhões de toneladas todos os anos ou aproximadamente 50 quilos de lixo eletrônico por habitante.
Gestão de lixo eletrônico no Brasil
E o que fazemos por aqui? O Brasil caminha a passos de tartaruga nessa questão.
Apenas em 2010 o país viu surgiu uma lei que tratasse exclusivamente do tema. Conhecida como Politica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a lei prevê, entre outras coisas, a gestão adequada dos resíduos e rejeitos, assim como a redução desses materiais.
Mas um dos pontos mais importantes da lei é a politica de logística reversa, algo que envolve o setor público, privado e a sociedade civil.
A logística reversa nada mais é do que o comprometimento e a responsabilidade que as empresas fabricantes e importadoras passam a ter sobre os resíduos gerados.
Contudo, elas não estão sozinhas nessa. Para que a lei cumpra seu objetivo é fundamental que a sociedade civil esteja engajada no tema. Como? Destinando seus resíduos eletrônicos de modo correto.
Na teoria funciona assim: o setor público, embasado na lei, fiscaliza as empresas para que elas ofereçam ao consumidor pontos de descarte para o lixo eletrônico.
O consumidor, por sua vez, comprometido e ciente da sua responsabilidade, descarta o lixo eletrônico no local correto, disponibilizado pela empresa.
E, nesse ponto, o consumidor tem um grande poder em mãos: ele pode simplesmente se recusar a comprar de empresas que não possuem uma politica séria e sustentável de gestão de resíduos. Essa simples atitude acaba forçando as empresas a aderirem ações sustentáveis e responsáveis.
Outra forma de contribuir com o consumo sustentável de aparelhos eletrônicos é buscando por aqueles de melhor qualidade e que consequentemente tendem a apresentar uma maior vida útil.
Onde e como descartar o lixo eletrônico
O primeiro passo para descartar corretamente o lixo eletrônico é fazendo a separação dos resíduos.
Lembra daquela classificação por cores? Então, separe todo o seu lixo eletrônico seguindo essa classificação.
Verifique também se o aparelho funciona totalmente, parcialmente ou se ele realmente já esgotou toda sua vida útil.
Caso ele ainda funcione, considere a possibilidade de doá-lo para alguém que precise ou para alguma instituição de caridade.
Os aparelhos de uso pessoal, como computadores, celulares e componentes do tipo cartão de memória, devem ser formatados antes de irem para doação ou descarte, dessa forma você assegura que seus dados não serão violados.
Depois de tudo separado você precisa buscar pelos postos de coleta adequados para cada tipo de resíduo.
Hoje em dia, especialmente nas grandes cidades, é possível encontrar pontos de descarte até mesmo em supermercados.
Os aparelhos celulares e seus componentes, como baterias, por exemplo, geralmente podem ser descartados em lojas da marca ou em empresas de telefonia.
Já os eletrônicos de grande porte, como geladeiras e fogões, geralmente acabam sendo levados para redes autorizadas de assistência técnica, onde, posteriormente, são encaminhados para o destino correto.
Mas na dúvida, sempre busque por informações junto ao SAC da empresa ou no site.
Evite doar equipamentos eletrônicos para catadores ou em empresas de reciclagem que não trabalham especificamente com esse tipo de material, uma vez que a destinação final pode acabar sendo inadequada.
Com consciência e responsabilidade é possível conciliar tecnologia e meio ambiente, pense nisso!