Todos os anos uma área de plantação equivalente ao México é colhida e jogada no lixo! Sim, todos os anos cerca de 931 milhões de toneladas de comida vão parar no lixo!
E você, o que tem a ver com isso? Muita coisa! Como consumidor, o seu papel na mudança dessa triste realidade é fundamental!
Então, sem perder tempo, vamos descobrir o que cada um de nós pode fazer para evitar o desperdício de alimentos?
Desperdício de alimentos no Brasil e no mundo
Ao todo, 25% das terras do nosso planeta são destinadas para o plantio e o cultivo de alimentos, sejam eles de origem vegetal ou animal. O problema é que apenas 1/3 dessa produção é efetivamente consumida. O restante vai parar no lixo.
Mas como isso acontece? Segundo dados da Agência das Nações Unidas (FAO), cerca de 54% do desperdício de alimentos acontece na fase da colheita e manipulação. O restante, 46%, é desperdiçado nas etapas de armazenamento, transporte e consumo.
No Brasil, esses dados alteram um pouco. Cerca de 10% do desperdício acontece no campo, 30% ocorrem na fase de armazenamento e distribuição, enquanto 50% são desperdiçados no transporte. Os consumidores são responsáveis por 10% do total de alimentos desperdiçados.
De acordo com o Relatório do Índice de Resíduos Alimentares 2021, produzido pela ONU, cada habitante do planeta desperdiça, em média, por ano, cerca de 74 kg de alimentos.
E não pense que esse desperdício todo só acontece em países ricos. Pelo contrário. Esse é um fenômeno mundial que atinge tantos os países desenvolvidos, como os europeus, até aqueles onde a fome é uma realidade crônica, como acontece na África.
Só para você ter uma ideia, países como Ruanda e Nigéria desperdiçam anualmente, em média, 164 e 189 quilos de alimentos, respectivamente, por habitante. Em contrapartida, países como Holanda e Bélgica, desperdiçam o equivalente a 50 quilos de comida por pessoa.
No Brasil, o desperdício alimentar gira em torno de 60 quilos por pessoa ao ano.
O trágico efeito do desperdício de alimentos
Impacto social
690 milhões de pessoas em todo o mundo passam fome ou se encontram em situação de insegurança alimentar. Isso é o que revela o relatório O Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo, publicado pela ONU em 2019.
No Brasil, esses números também impressionam. Atualmente cerca de 19 milhões de pessoas vivem em situação de insegurança alimentar. Contraditoriamente, um número gigantesco de alimentos está sendo jogado no lixo. O que está errado, então?
A falta de politicas públicas capazes de realizar a correta distribuição de alimentos e impedir o desperdício contribui significativamente para a permanência dessa situação.
Aqui no Brasil, por exemplo, todos os dias restaurantes, lanchonetes e supermercados jogam toneladas de alimentos no lixo porque simplesmente não podem fazer doações a quem necessita. Infelizmente, o motivo para isso é uma regulamentação da Anvisa que prevê punição aos donos de estabelecimentos caso o consumo desses alimentos causem intoxicação em quem recebe a doação.
Para tentar mudar um pouco essa realidade, muitas ONGs voltadas ao trabalho de combate à fome buscam em restaurantes e supermercados alimentos que ainda estão em condições de consumo, mas que por motivos estéticos, muitas vezes não são oferecidos aos consumidores, como um tomate um pouco amassado ou uma couve com folhas rasgadas.
Já em países desenvolvidos, como a França, o cenário começa a mudar. Por lá, restaurantes e supermercados são proibidos de descartar alimentos sob pena de multa e até mesmo detenção.
Outro bom exemplo a ser copiado acontece na Dinamarca. O país europeu está muito a frente no combate ao desperdício e recentemente criou postos de vendas (a baixo custo) de alimentos que estão fora do prazo de validade, mas que ainda podem ser consumidos com segurança.
Impacto ambiental
Qualquer alimento para ser produzido e distribuído consome recursos naturais. A começar pelo solo, que sofre desgaste com queimadas para abertura de pastos e áreas de monocultura, como a soja.
Entram nessa lista também o desmatamento de áreas florestais, o consumo de água, energia elétrica, combustíveis fosseis, isso ainda sem falar no uso de pesticidas e agrotóxicos que além de contaminarem o solo, fazem mal à saúde.
O aquecimento global também tem relação direta com o desperdício. Os alimentos jogados no lixo todos os anos produzem cerca de 3,3 bilhões de toneladas de gás carbônico.
Impacto econômico
A perda financeira motivada pelo desperdício de alimentos é enorme, chegando a bater a casa dos 750 bilhões de dólares de prejuízo todos os anos.
O maior problema econômico do desperdício de alimentos está relacionado com a lei de oferta e procura. Quanto maior a oferta, menor o preço e vice-versa. Portanto, quanto mais alimentos são jogados fora, mais caro ele fica. E quem paga essa conta? Você, lá no supermercado.
Segundo dados do Instituto Akatu, uma família brasileira, gasta, em média, R$ 478 por mês em compras com alimentação. Desses, 20% ou R$ 90 poderiam ser economizados (ou melhor aproveitados) se não houvesse tanto desperdício.
Como evitar o desperdício de alimentos?
Não dá para mais para aceitar passivamente todos esses dados e fingir que nada está acontecendo. Não estamos aqui falando para você vestir uma fantasia de super herói e salvar o mundo da fome ou da ameaça do super aquecimento. A dica é criar consciência e responsabilidade sobre esse problema que afeta a todos, em maior ou menor escala.
Por isso, trouxemos a seguir algumas dicas simples que podem ser colocadas em prática hoje mesmo na sua rotina. É a sua atitude, somada a atitude do seu vizinho, do seu irmão, pai, tios e amigos que tem o poder de transformar o mundo.
Então, já anota aí:
Planeje suas compras
Para evitar o desperdício e economizar um dinheirinho comece a adquirir o hábito de planejar suas compras de supermercado e feira.
A melhor forma de fazer isso é elaborando um cardápio. Pode ser mensal ou semanal, você define. Mas faça essa experiência. Inclusive, você vai perceber que até mesmo sua alimentação será mais saudável!
Compre apenas os ingredientes necessários para fazer as receitas programadas. Não leve um quilo de tomate para casa, por exemplo, se você só vai precisar usar dois.
Ordem de consumo
Ao chegar em casa com as compras organize a despensa e a geladeira. Os alimentos que foram comprados primeiro devem ficar na frente dos que acabaram de chegar.
Mais uma dica: antes de ir ao supermercado ou a feira faça uma visita na sua despensa e veja o que você já tem em casa para não precisar comprar de novo.
Armazene corretamente
Armazenar alimentos adequadamente prolonga a sua vida útil e evita o desperdício. E há diversas maneiras de colocar isso em prática: manter a geladeira na temperatura correta, usar recipientes herméticos em perecíveis para evitar a entrada de ar e umidade, guardar alimentos secos em locais frescos.
Além disso, congele porções extras antes que estraguem para usá-los posteriormente. Que tal congelar frutas maduras para fazer smoothies ou legumes que sobraram da refeição anterior para sopas e caldos?
Prefira produtores locais
Sempre que possível prefira comprar frutas, legumes e hortaliças de produtores locais. Além de ser uma prática mais saudável para sua família, uma vez que grande parte desses alimentos são cultivados de modo orgânico, você ainda colabora com a economia local e incentiva a agricultura familiar.
A produção local também é mais agradável ao meio ambiente, já que não depende de uma rede de transporte elaborada para distribuição. Afinal, quanto menos tempo em transporte, mais conservado fica o alimento e menor as chances dele ir para o lixo.
Seja criativo nas receitas
Inove na cozinha! Faça isso reaproveitando partes de alimentos que iriam para o lixo, como talos, cascas e sementes. Existem inúmeras receitas na internet ensinando como fazer esse aproveitamento. Voilà!
Plante sua comida
Acredite, mesmo que você more em apartamento é possível plantar muitas coisas, desde ervas e temperos, até hortaliças e pequenas frutíferas. Experimente!
Tenha uma composteira
Tudo aquilo que você não conseguir reaproveitar pode ir para a composteira. Essa atitude evita que as sobras dos alimentos gerem gases tóxicos em lixões e aterros.
As composteiras são super fáceis de cuidar e manter, não emitem cheiros, tampouco atraem roedores e moscas. Não custa nada, né?
Compartilhe alimentos
Sobraram muitos itens que você plantou da sua hortinha? Que tal compartilhar com amigos, familiares ou vizinhos? Essa atitude garante que os alimentos não consumidos não sejam desperdiçados, como também é capaz de fortalecer os laços comunitários.
Apoie atitudes contra o desperdício
Posicione-se politicamente nessa causa. Não precisa levantar bandeiras e ir para rua (a não ser que você queira). Mas é possível ter uma posição politica contra o desperdício com atitudes simples.
Uma delas é apoiando empresas e redes de lojas que possuam projetos sociais de impacto positivo contra o desperdício. Você também pode fazer sua parte cobrando medidas efetivas e eficientes das autoridades municipais, estaduais e federais.
Por fim, seja exemplo! Mostre as pessoas com quem você convive a importância de praticar esses pequenos e poderosos atos de generosidade.
Considere o vegetarianismo
A produção de carne para o consumo humano é uma das mais danosas ao meio ambiente. Ela é responsável por queimadas, desmatamentos e emissões de gases do efeito estufa, além de exigir um alto consumo de água e energia para produção. Isso sem mencionar aqui o dilema ético envolvido no consumo de carne.
Outro problema é a grande área necessária para o cultivo de animais para consumo. Se essa mesma área fosse destinada para o cultivo de espécies vegetais, seria possível alimentar, proporcionalmente, 25 vezes mais pessoas. A cada quilo de bife bovino produzido equivale a uma produção de 25 quilos de alimentos vegetais, como trigo ou milho, por exemplo.
Por isso, entidades como a ONU já deixaram claro que o vegetarianismo e o veganismo são os modelos de dieta do futuro, uma vez que o planeta não dará conta de alimentar toda a população no ritmo de crescimento atual com uma dieta baseada em produtos animais.
E, então, por onde você vai começar? Vamos juntos nessa jornada?