“Diga o que jogas no lixo que te direi quem és”. Em tempos de sustentabilidade, a famosa frase bíblica bem que poderia ganhar essa nova versão. Isso porque grande parte daquilo que a gente acha que é “lixo”, na verdade, não é tão lixo assim.
E, convenhamos, já está mais do que na hora de mudar de atitude. E sabe qual o primeiro passo para isso? A separação do lixo.
Não sabe como fazer a separação do lixo? Sem problemas! Estamos aqui justamente para te explicar, tim tim por tim tim. Vem ver!
O problema do lixo
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil recicla apenas 3% do lixo que produz, ou seja, praticamente nada.
E qual o problema disso? Muitos.
Primeiro porque é importante entender que não existe “jogar fora”. O lixo continua existindo em algum lugar desse planeta. (E só uma reflexão rápida e chocante: você sabia, por exemplo, que a sua primeira escova de dentes ainda existe? Estranho pensar nisso né?)
Segundo problema: o lixo que sai da sua casa nem sempre vai para o melhor lugar. Muitas vezes acaba indo parar em bocas de lobo, entupindo bueiros e contribuindo com enchentes e a poluição ambiental.
Terceiro, porque mesmo que o lixo receba a destinação correta, seja o aterro sanitário ou um lixão (que é a realidade na maioria das cidades, apesar de não ser a solução mais adequada), esse lixo produz gases tóxicos que são liberados na atmosfera contribuindo com o efeito estufa.
Sem contar que o chorume produzido nesses aterros e lixões acaba contaminando o solo e se tornando extremamente prejudicial para os lençóis freáticos, os animais e as plantas.
Ainda podemos acrescentar nessa lista a proliferação de insetos e roedores, bem como as doenças transmitidas por eles. Ou seja, o seu lixo é problema seu, literalmente, mas acaba sendo um problema de todos quando não é tratado adequadamente.
Como fazer a separação do lixo?
O lixo doméstico pode ser dividido em três grupos: orgânico, reciclável e residual.
Veja a seguir como fazer a separação e o descarte de cada um deles corretamente:
Como fazer a separação do lixo orgânico?
O lixo orgânico é tudo aquilo que provem da natureza e que pode retornar para ela por meio do processo de compostagem.
E a melhor forma de fazer isso é apostando no uso de uma composteira doméstica. Dá para comprar uma pronta ou fazer usando caixas, baldes e até garrafas pet.
Ao final do processo de compostagem você ganha adubo da melhor qualidade para suas plantinhas.
Para separar o lixo orgânico corretamente mantenha perto de você, especialmente na cozinha, uma lixeira que possa receber todos esses materiais que, logo em seguida, serão colocados na composteira.
Veja na lista abaixo tudo o que você pode e não pode colocar na composteira:
O que pode ser colocado na composteira?
- Cascas e restos de frutas, legumes e verduras;
- Cascas de ovos;
- Papéis de todos os tipos, menos aqueles com gordura;
- Pó de café;
- Podas de jardim (folhas, galhos e flores);
- Grãos de todos os tipos (feijão, ervilha, lentilha, etc);
- Chás e saquinhos de chá.
Evite o excesso de frutas ácidas na composteira, uma vez que elas dificultam o processo de compostagem.
O que não pode ser colocado na composteira?
O descarte dos itens a seguir dificulta ou até mesmo impede o processo natural de decomposição. Outro problema é que esse tipo de resíduo também pode acabar atraindo insetos e roedores para a composteira.
Por isso, não coloque na composteira:
- Restos de comida com tempero, sal, gordura e açúcar;
- Fezes e urinas de animais;
- Pelos, cabelo e unhas;
- Carnes e ossos de qualquer tipo;
- Alimentos gordurosos;
- Papel higiênico;
- Laticínios.
Como separar lixo reciclável?
O lixo reciclável é aquele que possui valor comercial e pode voltar para a cadeia produtiva, como as famosas latinhas de alumínio.
E você se lembra daquele esquema das quatro lixeiras, uma de cada cor para cada tipo de material? Então, não precisa mais de tudo isso.
Para simplificar e até mesmo incentivar a reciclagem, atualmente é utilizado apenas dois tipos de lixeira: a de orgânicos e a de recicláveis. Isso quer dizer que com apenas uma lixeira você armazena todo o seu lixo reciclável. E como saber quais são eles?
Aí vai a lista:
Materiais que podem ser reciclados
- Latas metálicas (milho, massa de tomate, etc);
- Latas de alumínio;
- Vidros de todos os tipos;
- Embalagens PET, incluindo a do refri;
- Embalagens longa vida;
- Ferro;
- Papéis de todos os tipos (exceto aqueles sujos com restos de comida, gordura e papel higiênico);
- Papelão.
E o plástico?
Ah, o plástico! Esse é um problema! Isso porque nem todo tipo de plástico é reciclado. E como saber se dá para reciclar? A dica é amassar.
Se fizer muito barulho (como aqueles de salgadinho) não é reciclável. Já aqueles mais macios e menos barulhentos (como o saco de arroz) pode ser reciclado.
Mas, de modo geral, preste atenção nessa dica: fuja do plástico! A todo custo e sempre que puder. Prefira embalagens de vidro, papel ou latas.
É impossível pensar em um planeta sustentável com essa quantidade de plástico sendo gerado e consumido todo santo dia. Só para você ter uma ideia do problema, um estudo publicado recentemente no periódico Scientific Reportsfaz um alerta impressionante.
Os cientistas da organização Ocean Cleanup Foundantion descobriram uma “ilha de lixo” gigantesca, equivalente a duas vezes o território da França, com mais de 80 mil toneladas de plástico!
Esse plástico acaba indo parar no estômago de diversos animais marinhos que, ao confundirem o material com comida, acabam morrendo.
Já um estudo divulgado em 2016 pelo Fórum Econômico Mundial de Davos estima que até 2050 haverá mais plástico do que peixes no oceano. Esse mesmo plástico já está indo direto também para a água que consumimos em casa.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde já foram detectadas micropartículas de plástico na água potável, tanto da torneira, quanto da engarrafada, no esgoto e até em alimentos. Ou seja, existe uma grande possibilidade de você estar bebendo água contaminada com microplástico neste exato momento.
E, pior, ninguém sabe ao certo ainda quais os riscos disso para a saúde humana.
A solução? Repensar hábitos, reduzir o consumo e reciclar!
O que não pode ser reciclado?
Veja a seguir tudo aquilo que não pode ser enviado para coleta seletiva, nem para as cooperativas de reciclagem:
- Pilhas, baterias e componentes eletrônicos;
- Lâmpadas;
- Caixas de pizza e embalagens de comida pronta;
- Isopor;
- Pratos, copos e talheres descartáveis;
- Embalagens de medicamentos;
- Tecidos de todos os tipos.
Mas apesar de muitos desses itens não serem reciclados é importante lembrar que eles também não podem ir para o lixo comum. As pilhas, baterias (notebook, carro, celular) e componentes eletrônicos devem ser descartados em pontos de coleta específicos. Na dúvida, verifique com o fabricante.
O mesmo acontece com as lâmpadas. Alguns supermercados oferecem ponto de coleta. Informe-se na sua cidade ou região.
O isopor não tem jeito. Esse não serve para nada depois do uso. Por isso, evite embalagens desse tipo.
Não precisa nem dizer nada sobre os descartáveis né? Exclua-os definitivamente da sua vida.
Os medicamentos e suas embalagens podem ser levados em farmácias que possuem ponto de coleta.
Por fim, roupas e restos de tecido podem receber duas alternativas mais viáveis do que o lixo: doação (caso estejam em bom estado) e logística reversa.
Algumas marcas e redes de lojas de roupas oferecem ponto de coleta para que os consumidores descartem corretamente as peças que não podem mais ser usadas.
Essas roupas acabam ganhando novo significado (viram tapetes, por exemplo) ou seguem para reciclagem e recuperação das fibras, podendo voltar a cadeira produtiva.
O que colocar no lixo comum?
E, por fim, vem o lixo residual ou lixo comum que é aquele que não se encaixa em nenhum dos outros dois grupos, ou seja, ele não pode ser nem reciclado, nem compostado.
Dá só uma olhada:
- Fraldas e absorventes descartáveis;
- Fita adesiva e adesivos em geral;
- Restos de comida;
- Louças quebradas;
- Bitucas de cigarro;
- Papel higiênico;
- Fotografias;
- Guardanapos;
- Espelhos.
E tudo mais que não você perceber que não é nem reciclável, nem orgânico.
Para onde enviar o lixo reciclável?
Agora que você já fez toda separação do lixo da sua casa vem a dúvida: o que fazer com ele?
Se a sua cidade oferece coleta seletiva, então você não tem com o que se preocupar. Mas se esse não é o seu caso, tudo bem também, ainda assim existem soluções.
A primeira delas é procurar a cooperativa de catadores mais próxima da sua casa e levar o seu reciclável até lá.
Não tem cooperativa? Então procure por aqueles galpões que compram material reciclável. O problema nesse caso é que essas empresas estão direcionadas a aceitar os materiais com maior valor de mercado e tendem a rejeitar aqueles que não oferecem lucro. Mas ainda assim é melhor do que nada.
Melhor do que reciclar é reduzir
A reciclagem não é a atitude ambiental mais consciente, ela é apenas uma saída para quando não há outra alternativa.
O mais legal mesmo é você repensar seus hábitos de consumo e reduzir e recusar tudo o que puder, da sacola plástica do supermercado ao sapato na vitrine.
Priorize qualidade ao invés de quantidade. Seu bolso e o meio ambiente agradecem!