Você já ouviu falar em walkability? A palavra que vem do inglês pode ser traduzida livremente para o português como “caminhabilidade”.
Sim, isso mesmo! O ato de andar a pé. Algo tão simples, corriqueiro e que muitas vezes nem paramos para pensar a respeito.
Contudo, hoje em dia as pessoas têm caminhado menos. Já reparou nisso? O carro, o controle remoto, o portão automático…As facilidades da vida moderna afetam diretamente esse ato natural e necessário.
Mas tem outro problema nisso: as cidades não oferecem condições adequadas para que as pessoas sintam prazer em caminhar.
Tudo isso contribui para o aumento de diversos fatores negativos, como má qualidade de vida, trânsito caótico, individualismo exagerado e poluição do meio ambiente.
Por outro lado, muita gente já tem se ligado na importância do assunto e está de olho na “caminhabilidade” das grandes cidades.
Vamos conversar melhor sobre o tema?
Afinal, o que é walkability?
A gente já deu a dica do que se trata o conceito de walkability, mas vamos esmiuçar o termo mais a fundo.
A palavra teve origem em meados dos anos 80 nos Estados Unidos quando a ideia do “Novo Urbanismo” começou a ser estudada.
O termo walkability surgiu então para descrever a necessidade do resgate do ambiente urbano para os pedestres.
Erroneamente nos últimos anos a sociedade foi levada a crer que as ruas são exclusivas dos automóveis. Só que não.
Se você reparar logo irá perceber que a maioria das pessoas utiliza outras formas de deslocamento, muito além do carro. Elas estão a pé, no ônibus, na bike, em motos e, inclusive, em cadeiras de rodas.
Portanto, o walkability vem para propor uma nova forma de ocupação das áreas urbanas, de modo mais sustentável, saudável e menos estressante.
No walkability, todas as pessoas tem o direito de usufruir das ruas de maneira igualitária. Idosos, crianças, deficientes físicos, adultos, enfim, o direito de ir e vir com autonomia e liberdade pertence a todos.
E de que forma isso pode acontecer? Vamos descobrir!
Como tornar as cidades mais caminháveis?
Para que o walkability acontece na prática, gestores públicos e sociedade precisam estar alinhados na busca do mesmo objetivo, “caminhando”, literalmente, lado a lado.
Nesse sentido, alguns pontos importantes precisam ser avaliados e colocados em prática, como:
Boa infraestrutura
Não tem como propor a ideia de caminhabilidade em ruas e calçadas esburacadas e desniveladas.
Aqui, o papel dos gestores públicos é fundamental para assegurar que as cidades sejam caminháveis, ou seja, ofereçam o conforto que as pessoas necessitam, sem riscos de acidentes.
Segurança
As ruas também precisam oferecer segurança, em diversos níveis. Uma iluminação eficiente durante a noite e ronda policial para evitar crimes, por exemplo, são essenciais.
Além disso, a segurança também diz respeito ao bom uso das vias públicas por carros e pedestres. Para isso, é importante sinalizar as ruas corretamente, com faixas e outras interferências visuais.
Placas de trânsito e semáforos também auxiliam motoristas e pedestres, bem como a instalação de radares, caso seja necessário conter os mais afoitos.
Pessoas com deficiência devem ser privilegiadas com ruas que contenham, por exemplo, piso tátil e semáforo inteligente para os deficientes visuais e calçadas com acessibilidade segura para quem utiliza cadeira de rodas ou andadores.
Vale ressaltar também que essas medidas são muito úteis ainda para idosos, mulheres grávidas que passam a ter a capacidade física limitada no avançar da gestação, bem como pessoas com crianças pequenas, que usam carrinhos para sair de casa.
Ruas em conexão
Em uma cidade pensada sobre o conceito do walkability as ruas são conectadas ao máximo possível, favorecendo os deslocamentos e oferecendo maiores opções de rotas e acessos para quem está a pé.
Pontos de interesse
Outro ponto crucial para que o walkability acontece é a inserção de pontos de interesse coletivo nos bairros.
Não adianta querer que as pessoas caminhem se elas não tem propósito de fazer isso no próprio bairro.
Isso acontece quando uma determinada região é ocupada majoritariamente por casas e prédios residenciais. Ou seja, não existe comércio, nem áreas que ofereçam lazer, esporte e cultura.
Com isso, a tendência é que os moradores peguem o próprio carro e se desloquem até o bairro mais próximo ou o centro da cidade para usufruir de serviços e produtos que não são encontrados onde moram.
A solução, no entanto, é simples. O governo local precisa favorecer a abertura de empreendimentos essenciais nos bairros, como padarias, mercados, academias, farmácias, escolas, centros culturais, entre outros. Assim, os moradores podem sair a pé para realizar as atividades cotidianas necessárias.
Vale ressaltar, inclusive, que empreendimentos desse tipo reforçam a economia local, com geração de empregos e novas oportunidades para quem já mora no bairro.
Quais as vantagens do walkability?
Sustentabilidade
Sem dúvida, uma das maiores vantagens do walkability é a sustentabilidade. Com mais gente andando a pé, menor é a emissão de gás carbônico proveniente da queima de combustíveis.
Menos trânsito
Com menos carros nas ruas e com mais opções de serviço no próprio bairro, a necessidade de se deslocar para o centro da cidade reduz consideravelmente, o que leva a um trânsito mais fluído e ágil.
Ocupação do espaço público
Andar pelo próprio bairro a pé significa ocupar os espaços públicos e participar de modo mais ativo da vida coletiva e social da cidade. Áreas como praças, parques, playgrounds e ciclovias podem ser monitoradas de perto e os moradores passam a cobrar do poder público ações de melhoria.
Saúde e qualidade de vida
Não dá para negar também o quanto caminhar é benéfico para a saúde humana. Estima-se que cerca de 30 minutos de caminhada diária já é suficiente para proporcionar um aumento da condição cardiovascular, fortalecendo a saúde do coração, assim como da musculatura e do sistema ósseo.
A caminhada ainda garante que as pessoas recebam luz solar, o que está diretamente relacionada com a ativação da vitamina D no organismo, essencial para diversos processos metabólicos, como a prevenção da osteoporose e a melhora no sistema imunológico.
Interação entre as pessoas
Outra vantagem do walkability é que os moradores de um bairro passam a se encontrar com maior frequência, contribuindo para a vida social e comunitária.
Afinal, de contas, ninguém vive sozinho, não é mesmo?
E, então, bora trazer esse conceito da caminhabilidade para o seu dia a dia? Sua saúde e o planeta agradecem.